O Empreendedor e o Gestor
O Empreendedor, como o próprio nome o define, é aquele que toma a iniciativa de montar um negócio próprio. Ele identifica oportunidades, cria a solução, reúne ou coloca capital, estrutura a organização, arrisca, estabelece a estratégia e se atira no mercado. É de sua natureza a inquietude e a resiliência para enfrentar as diversas situações adversas, que o ambiente de negócio proporciona.
Curiosamente, o Empreendedor não pode ser muito científico, orientado pelas certezas das informações e das tendências. Caso contrário, ele vai paralisar suas iniciativas e só agir na segurança. Para que os negócios floresçam é preciso uma boa dose de pragmatismo, crença e sorte. O que o Empreendedor tem de sobra.
Ao contrário, o Gestor é mais analítico, mais cético quanto ao futuro e pouco avesso ao risco. O bom Gestor precisa ser estruturado, organizado, disciplinado. Não é seu papel se posicionar como “otimista ou pessimista”. Seu papel é trabalhar com dados existentes ou levantar novos dados para interpretar e diminuir o risco das decisões. Seu sentido de organização e disciplina vai dar direção às pessoas, de como seguir os processos e agir diante das situações empresariais.
O Empreendedor como Gestor e o Gestor como Empreendedor
Na falta do Gestor, o Empreendedor vai agir como Gestor e vice-versa. É aí que mora o perigo! Imagine o Empreendedor tendo que acompanhar processos e pessoas dentro das empresas. O mesmo drama é se o Gestor tiver que tomar uma decisão, que envolve risco financeiro para o empreendimento. Não vai funcionar!
Assim, na teoria, o ideal é que o Empreendedor continue exercendo o seu papel de visionário, estrategista para o crescimento do negócio e o Gestor tome conta da organização e dos processos empresariais. Pelo simples fato de adequação de perfil às funções empresariais. Portanto, o que importa é o perfil do profissional, que está atuando.
E como acontece na prática?
Na prática existem muitos Empreendedores, com perfil de Gestores, que montaram seus negócios e seguiram com suas empresas, tendo sucesso ou fracasso, independentemente de ser esta a principal causa. E muitos Gestores, com perfil voltado ao risco, que estão à frente de organizações de sucesso, os chamados “Intrapreneurs”.
O X da questão está no alinhamento do perfil do profissional com os desafios da função, que ele exerce. Os responsáveis pelas empresas precisam ser inteligentes para entender esta questão.
Em várias organizações em que o Empreendedor, com seu perfil natural, assume a Gestão, as consequências podem ser graves.
Um dos exemplos clássicos de problemas é quando o Empreendedor espera de seus líderes determinadas iniciativas, que a ele são peculiares, mas que para estes líderes demanda comando, formalização, direção. O Empreendedor não entende assim, porque sua natureza é de ter iniciativas constantes e arriscadas.
As empresas perdem bons líderes, porque não ofereceram a eles diretrizes, não acompanham seu trabalho e não lhes dá retorno sobre seu desempenho, de forma constante.
Cada um no seu quadrado!
O alinhamento do perfil do profissional, com as exigências da função deve permear toda a organização. No caso do Empreendedor, ele precisa reconhecer, que em determinado momento ele deve se retirar da Gestão e assumir responsabilidades no Conselho da empresa. E caso, ele precise continuar a frente da empresa, pois o negócio exige é necessário encontrar um Gestor profissional, que possa cuidar da operação. Neste caso, é importante que seja delegado a este Gestor o comando do negócio e compartilhamento das principais decisões estratégicas, que o Empreendedor toma. Com isso, o negócio terá maiores chances de prosperar, principalmente porque cada um poderá exercer a plenitude de seus potenciais humanos.